sábado, 9 de outubro de 2010

Editorial

Posted by Revista Presença Lusitana | sábado, 9 de outubro de 2010 | Category: |

"Todo começo é involuntário” escreveu Fernando Pessoa e a língua portuguesa é assim, chega de improviso, não sabemos bem dela, mas rapidamente começa a apoderar-se de nós. Pensamos, falamos e agora até escrevemos em português. Talvez o idioma mesmo tenha vida e escolha somente aquelas pessoas que lhe farão bem. Nos inícios do século XX Fernando Pessoa, um dos maiores poetas portugueses, morava na África do Sul, sem saber muito da sua pátria nem da sua língua materna. Ele falava inglês, queria estudar letras inglesas, mas o destino levou-o para terras lusas e foi mesmo quando o português, por meio da literatura, começou a apropiar-se dele, foi tão forte aquela possessão que lhe fez escrever versos magníficos onde guardava, utilizando as palavras, o território e a vida dos portugueses.

E agora, nós somos como Pessoa, por duas razões principalmente: a primeira é porque o destino quis que estivéssemos a aprender a língua de Camões e a segunda é porque, tal como Pessoa que tinha outras pessoas a habitarem nele, nós, os estudantes de português, temos ao menos dois sujeitos dentro, um que fala espanhol, que pensa em espanhol e o outro, aquela personagem com novos ideais e com novos sonhos exprimidos em português.

Temos uma nova pátria, a nossa pátria é a língua portuguesa e como Pessoa, devemos deixar envolver-nos nela, deixar que brinque connosco por meio da literatura, das letras, da palavra, como as aqui enclaustradas no segundo número de Presença Lusitana.
Gustavo Y.

Currently have 0 comentários:


Leave a Reply