quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A marginalização também fala português

Posted by Revista Presença Lusitana | quinta-feira, 30 de setembro de 2010 | Category: |

O Brasil e Portugal, apesar de serem dois países com diferentes níveis de  desenvolvimento,  sofrem com a pobreza e áreas marginalizadas que não têm muitos serviços, como clínicas de saúde, áreas de lazer, escolas, etc. Tal é o caso das favelas brasileiras, por um lado, e os campos portugueses por outro. Isso combinado com a crise económica mundial ocorrida em 2008. O outro lado é que à primeira vista não se pensaria que nenhum desses países tivessem esse tipo de lugares onde a violência, drogas e desemprego são o pão diário.

 O Brasil tem lugares como as favelas, que são os assentamentos geralmente fixados em torno das grandes cidades, caracterizadas por serem muito pobres e com altos índices de criminalidade. As favelas têm-se expandido bastante, apenas no Rio de Janeiro 30% da população vive nelas. O Rio tem cerca de 300 favelas.

Muitas delas não têm luz nem água, muitas pessoas sofrem destas carências e desnutrição. Algumas, como a Rocinha, ocupam uma grande área em uma colina com vista para o mar. Uma situação que, em qualquer lugar do mundo, seria eleita pelas classes superiores para bairros mais ricos.
Portugal não tem favelas, mas os seus agricultores estão a sofrer uma forma de marginalização. Em 1974, um golpe pacífico levou a democracia e, com isso as portas se abriram. A Coca-Cola, que era proibida pelo regime anterior, entrou no país. Após a adesão de Portugal à União Europeia em 1986, tornaram-se disponíveis subsídios para as culturas e as grandes barragens foram construídas para a irrigação. A nova classe média surgira, as  terras foram vendidas baratas  e aos trabalhadores da cidade construíram-se-lhes vilas na periferia.

Para a população rural pobre, abandonada em busca da modernidade e do progresso no estilo ocidental, o custo foi devastador. A atração de maior renda levou uma geração inteira de trabalhadores do campo para as cidades e resorts, em Portugal ou no estrangeiro, em França, Alemanha e Suíça.

No entanto, o futuro parece diferente para os dois países, o Brasil terá a metade dos pobres em quatro anos, dos atuais 30 milhões de cidadãos que não podem satisfazer suas necessidades básicas, em 2014 apenas de 15 milhões, de acordo com um estudo realizado pelo economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Estudos Sociais da prestigiosa Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro. Além de integrar o BRIC, conjunto que se refere ao Brasil, Rússia, Índia e China, que partilham uma grande população, um vasto território, fornecem estratégicas dimensões continentais e uma enorme quantidade de recursos naturais e, o mais importante, os números que apresentaram crescimento do PIB e sua participação no comércio mundial tem sido enorme nos últimos anos, o que os torna atraente como destino de investimento para os próximos anos.

Mas em Portugal, por exemplo, um trabalhador em cada cinco possui já um contrato chamado “recibo verde”. Enquanto labuta há anos no mesmo escritório ou na fábrica, mesmo com horários fixos, o seu empregador tem um serviço simples de faturamento do cliente e podem, durante a noite, sem qualquer compensação, violar o contrato.

Essa degradação do estatuto de funcionário exclui porque agrava as desigualdades. De facto, um número crescente de pessoas (principalmente jovens) não contam com o sistema de protecção do Estado-Providência. São os isolados, os marginalizados, os discriminados.

Ambas as nações também partilham o idioma, alem de sofrerem de marginalização e pobreza em alguns dos sectores de sua população, mas só o tempo dirá se as mudanças serão a favor, contra ou ficarão na mesma.

Daniel Perales Valdéz.

Currently have 0 comentários:


Leave a Reply