quinta-feira, 30 de setembro de 2010

De unificações, homogeneizações e Acordos

Posted by Revista Presença Lusitana | quinta-feira, 30 de setembro de 2010 | Category: |

Como quase todos sabem, a língua portuguesa se originou no que é hoje a Galiza e o norte de Portugal, derivada do latim vulgar. O idioma se espalhou pelo mundo nos séculos XV e XVI.

As estimativas sobre as 100 línguas maternas mais faladas no mundo, divulgadas em 1999, colocavam o Português em sexta posição, atribuindo-lhe um total de falantes calculado em 170 milhões. Na atualidade a língua portuguesa conta com mais de 260 milhões de falantes, é a quinta língua mais falada no mundo, a mais falada do hemisfério sul e a terceira no mundo ocidental.

Assim como os outros idiomas, o português sofreu uma evolução histórica, sendo influenciado por vários idiomas e dialetos, até chegar ao conhecido agora. No momento atual, o português é a única língua do mundo ocidental com duas ortografias oficiais e esta situação deve ser resolvida pelo Acordo Ortográfico de 1990.
“Unificar a ortografia da língua portuguesa que, atualmente, é o único idioma do ocidente que tem duas grafias oficiais - a do Brasil e a de Portugal”, esse é, segundo o MEC, o principal objetivo do Acordo Ortográfico ratificado pelo Brasil em 2004.

Ainda segundo o MEC, “com o acordo, as diferenças ortográficas existentes entre o português americano e o europeu serão resolvidas em 98%. A unificação da ortografia acarretará alterações na forma de escrita em 1,6% do vocabulário usado em Portugal e de 0,5%, no Brasil”.

A unificação facilitará a circulação de materiais, como documentos oficiais e livros, entre esses países. Além disso, o fato de haver duas grafias oficiais dificulta o estabelecimento do português como um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em relação a este Acordo existe uma grande polêmica, sobretudo em Portugal. Muitos críticos acreditam que a proposta está tentando resolver um não-problema, uma vez que, apesar das diferenças ortográficas, as variantes escritas da língua portuguesa são perfeitas e confortavelmente inteligíveis pelos seus leitores.

O sucesso de vendas dos escritores portugueses José Saramago e Miguel Sousa Tavares, entre outros, no Brasil, cujos livros têm a grafia lusitana do português por exigência dos autores, é apontado como evidência. Esses críticos apontam que as dificuldades de compreensão escrita, quando ocorrem, são devidas às diferenças de vocabulário ou gramaticais, as quais não são possíveis de se eliminar por imposição de uma ortografia comum. Além disso, as dificuldades de compreensão são mais relevantes na língua oral, sobre as quais o Acordo não pretende ter influência.

Outros críticos apontam para os custos da unificação, que incluem a adaptação do corpo literário já existente pelas editoras. O custo médio de preparação e revisão de um único livro é, no Brasil, de cinco mil reais. Também a súbita obsolescência de dicionários, gramáticas e livros escolares, que terão que ser substituídos e finalmente se calhar o fato mais importante e complicado seria a reaprendizagem ortográfica por parte de uma grande massa de pessoas, incluindo crianças.

Seja como for, em teoria o Acordo será uma realidade para os países que o assinaram no ano 2010 e terá de ser utilizado por todos os países lusos e também por nós, estudantes, leitores ou escritores que nos relacionamos direitamente com a esta apaixonante língua, ração pela qual temos de estar informados dos pontos ou bases que esta publicação trata com o fim de os adotarmos na fala e escrita diária.

Para mais informação sobre dito Acordo pode-se consultar a seguinte página web: http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo
 
Carla I. Castillo Cabrera.

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